BDSM/SM

BDSM E SADOMASOQUISMO



SADOMASOQUISMO

Sadomasoquismo é a relação entre pessoas com tendências diferentes para a satisfação do prazer pessoal. O termo sadismo, refere-se às pessoas que para sua satisfação, infligem à outrem, dor e sofrimento. O termo masoquismo é o oposto e refere-se às pessoas que sente prazer ao receber de outrem, a dor e o sofrimento.
Em ambos os casos, a dor e o sofrimento, pode ser de maneira física, psicológica ou moral. O prazer deriva dessas práticas e para isso não é obrigatório a relação sexual, ficando esta à critério dos envolvidos.

SADISMO

A palavra Sadismo, originou-se do nome do escritor e filósofo Donatien Alfhon François de Sade, mais conhecido por Marquês de Sade.
Resumidamente, sadismo é a tendência comportamental humana que denota em excitação e satisfação provocado pelo sofrimento de outra pessoa.
Quando abordado pela psicanálise, o sadismo não é tomado como uma doença e é vinculado ao ramo das parafilias, ou seja, levando-se em consideração o padrão comportamental, é um comportamento diferente, oriundo das fantasias sexuais, enquanto não causar violência a quem possui esta tendência ou a terceiros.
Explicando melhor, o sádico somente será um doente, se suas práticas se tornarem inadvertidas, usuais e prejudicarem a ele e a outros, seja de ordem física, psicológica ou moral.
Assim, podemos dizer que existe duas variações de sadismo. O sadismo doentio e perturbado pelas fantasias mentais e que envolve o controle total ou parcial à terceiros, causando-lhes terror e transformando-os em vítimas, caracterizando um Transtorno de Personalidade. O sadismo saudável que compartilha os seus impulsos sádicos e os complementa com parceiros masoquistas e constitui-se em uma troca mútua, colocando acima de tudo a saúde dos envolvidos.
Tanto em um como no outro, o prazer é causado pelo sofrimento da outra parte, a diferença é que, no primeiro caso pode vir a tornar-se abuso e consequentemente um crime, no segundo caso há consentimento, limites e segurança.
As tendências sádicas geralmente tem origem na infância e o início efetivo das práticas nos primeiro anos de vida adulta.

MARQUÊS DE SADE

Donatien Alphonse François de Sade, nasceu na cidade de Paris, em 2 de junho de 1740,  foi um membro da aristocracia francesa, escritor e filósofo.
Estudou no Lycée Louis-le-Grand em Paris (1754) e ingressou no Exército Francês, participou da guerra dos sete anos e tornou-se capitão de cavalaria. Perverso por natureza, seu primeiro caso de sadismo ocorreu em Aix-en-Provence, quando torturou prazeirosamente uma moça. Por este crime, foi condenado à morte, mas indultado, mas os mesmos repetiram-se muitas vezes em outras cidades como Arcueil e Marselha. Várias vezes preso, inclusive por Napoleão Bonaparte, sempre conseguia evadir-se da prisão, até ser preso definitivamente em Vincennes (1777), de onde foi transferido para a prisão da Bastilha (1784). Esteve internado no hospício de Charenton, entre1789 e 1790, retornando em 1801, falecendo sob internação em 1814.
A grande maioria das suas obras foram escritas durante os anos de prisão e durante a internação no hospício Charenton, tendo os loucos como atores que ele conseguiu montar suas muitas peças, entre elas, Les 120 journées de Sodome (1785), Justine ou les malheurs de la vertu (1791), La Philosophie dans le boudoir (1795), escreveu durante a seunda internação, seu romance mais famoso, Pauline et Belval (1796) e Juliette ou les Prospérités du vice (1798). Sua obra foi marcada de toques sentimentais, retratam os costumes vigentes na França daquela época, incluindo as descrições patológicas das suas perversões sexuais.
Seu nome originou o termo sadismo, que define a tendencia comportamental a ele associada.
Foi perseguido tanto pela monarquia (Antigo Regime) como pelos vitoriosos de 1789 na Revolução Francesa e depois por Napoleão.
Velho e separado de sua primeira mulher, Renné, e preso por suas idéias e comportamento, foi amparado pela atriz Marie-Quesnet, que mudou-se para o hospício e conviveu com ele até a sua morte, aos 74 anos.
Gilbert Lely e o mais importante biógrafo do Marquês de  Sade, compilou de suas cartas e publicou o livro clássico "Vida do Marquês de Sade".
Obras:
- Justine
- Juliette de Sade
- Zoloe e suas Amantes
- O Estratagema do Amor
- Os Crimes do Amor
- A Filosofia na Alcova
- Contos Libertinos
- Diálogo entre um Padre e um Moribundo
- Os 120 Dias de Sodoma
- A Crueldade Fraternal
- Os Infortúnios da Virtude

MASOQUISMO

Masoquismo é uma tendência pela qual uma pessoa satisfaz o seu  prazer sentindo dor ou imaginando que a sente, inclui-se o sofrimento moral e psicológico.
O termo masoquismo originou-se do nome do escritor austríaco Leopold von Sacher-Masoch.
O masoquismo é oposto e complementar  à tendência do sadismo,  o prazer está relacionado com o desejo de sentir dor, sofrimento e humilhação, mediante a dominação e controle de outra pessoa.
O médico alemão Kraft Ebbing foi o primeiro a descrever esta tendência. Mas, em muitos casos o prazer não advém simplesmente da sensação de dor e sim, da situação de inferioridade e submissão ao parceiro.
O masoquismo não é levado pela ciências médicas como uma doença, mas como uma tendencia comportamental, uma parafilia, da mesma forma que o sadismo.
Masoquismo torna-se patológico, quando a prática usualmente e viciosamente, levar perigo à vida de quem a possui, em geral com a aplicação de auto-sofrimento e auto-flagelação, sem nenhum controle, fatores que contribuem para causar efeitos maléficos à saúde física do indivíduo, inclusive perigo de morte. Classificando-se como uma prática arbitrária e inadvertida, poderá demandar muitas vezes em suicídio.

MASOCH

Leopold Ritter von Sacher-Masoch, nascido na Austria, na cidade de Lviv, à 27 de janeiro de 1836, foi escritor e jornalista, seu nome como deu origem ao termo masoquismo, devido ao seu romance mais famoso "A Vênus de Peles" (1870), no qual um dos personagem atinge o orgasmo, após ser surrado pelo amante da sua esposa.
Sacher-Masoch ganhou celebridade por seus contos. Era letrado, utópico, regionalista, moralista, tinha idéias socialistas e humanistas. Faleceu em 9 de março de 1895.

SM E BDSM

BDSM é  uma relação entre pessoas, baseada numa entrega de uma essência submissa, que alimenta uma essência Dominante de forma segura, sã e consensual, onde o Bondage e  o Sadomasoquismo são os veículos que garantem a prática.
Muitos falam do BDSM sem saber realmente o que ele é, outro emprestam-lhe significados que deturpam o seu sentido.
O termo BDSM surgiu em meados do século XX, para agrupar as tendências e práticas (se não todas, pelo menos, as mais significativas) oriundas do Sadomasoquismo e esse por sua vez, também é mal interpretado.
Muitos, sem conhecimento, veem no BDSM e no Sadomasoquismo, uma prática brutal, condenável ou abominável, devido à cultura e definições errôneas que lhes são imputadas. Frequentemente quando se fala em sadomasoquismo, o pensamento de que as práticas são grotescas e de mau gosto, vem à tona. Porém, nem sempre o BDSM e o Sadomasoquismo envolvem a dor propriamente dita. Muitos praticantes preferem atos que demandam em muita pouca dor, como humilhação verbal, amarrações e imobilizações, espancamentos leves e outras formas que sequer deixam marcas na pele, o que impera para eles é a vontade da exercer autoridade e obediência, que torna tudo sexualmente excitante. O principio básico do BDSM ou do Sadomasoquismo não é a dor, mas as idéias de controle, dominação e submissão.
O próprio conceito de dor, nesse caso, pode se tornar um mal-entendido, já que a procura do prazer é muito mais emocional do que física. Quando nos deixamos entender que a dor é apenas dor e não crueldade, começamos a vislumbrar uma explicação. O masoquista deseja a dor e que lhe seja infligida com amor, o sádico deseja infligir a dor, mas que seja sentida com amor.
Chegamos ao ponto, no qual é necessário dividir dois parâmetros, o jogo de índole erótica e a vivência.
O jogo erótico é uma busca estritamente sexual, onde um exerce o papel de dominante e o outro de dominado, com regras definidas, pré-estabelecidas, garantias e confiança. A vivencia é algo que sobressai da natureza e da personalidade do indivíduo, quando um é verdadeiramente Dominante ou Dominador e a outra parte verdadeiramente submissa e serventil. Não é um jogo, mas uma relação de personalidades opostas, mas também saudável, seguro, com limites e consensualidade, a fim de concretizar a suas necessidades, como forma natural de ter e dar prazer, consequência espontânea de duas tendências naturais, dominante e submissa, que se encontram e mutuamente se satisfazem.
A consensualidade de uma relação BDSM, prende-se a questão dos limites, do bem-estar e da segurança dos envolvidos e estabelecem os parâmetros da relação, dentro dos valores que a parte submissa considera superável e insuperável, ultrapassá-los dependerá dos rumos na relação, pois exige capacidade de entrega e confiança recíprocas.
A ultrapassagem dos limites da parte submissa, por parte da dominada, sem o consentimento, tal é a sua responsabilidade pelo "basta", caracteriza-se por abuso criminoso e faz da parte dominadora, um violador incapaz de respeito ao ser humano, que se manifestou submisso e pediu por respeito e segurança
Dito isso, é razoavelmente fácil, estabelecer uma diferença entre BDSM e Sadomasoquismo. Podemos ver que o BDSM é uma instituição que dá garantias e segurança ao Sadomasoquismo e esse por sua vez é o um conjunto de práticas saudáveis e controladas, ajustáveis a ambas as partes.
Não sendo praticas seguras, saudáveis e consensuais, torna-se Sadomasoquismo deturpado e perverso, o que em nada tem a ver com BDSM.

PARAFILIA

Um dos maiores preconceitos dirigidos ao BDSM é o comportamento patológico. Algumas décadas atrás a medicina assim o considerava. Hoje em dia o sadismo e o masoquismo, se ainda o são, podem ser listado entre as parafilias do comportamento sexual humano.
Etmologicamente parafilia, vem do grego, o sufixo "para" significa "fora ou por fora" e o sufixo "filia" significa "amor". Literalmente significa, "o amor que vem de fora", ou seja, o objeto razão do prazer é externo ao sujeito e não necessariamente necessita de cópula para atingir o êxtase.
Estão nesta relação comportamentos sexuais como o voyeurismo (observar a intimidade de terceiros), exibicionismo, agorafilia (atração por sexo ao ar livre ou lugar público), fisting (introdução das mãos na vagina ou ânus), cronofilia (atração por pessoas idosas), asfixiofilia (prazer em ser asfixiado), frotteurismo (a famosa encochada), bem como outras centenas de classificações das fantasias sexuais humanas.
Uma parafilia é um padrão de comportamento sexual no qual a fonte principal de prazer não se encontra na relação sexual propriamente dita, mas em  outra atividade paralela. Também considera-se parafilia os padrões de comportamento nos quais a fonte de prazer é objeto do desejo sexual, ou seja, o tipo de parceiro, como por exemplo, deficientes físicos.
Em determinadas situações, como no exemplo, o comportamento sexual parafílico pode ser considerado perversão ou anormalidade.
As parafilias são consideradas inofensivas, pois são parte integral da psique humana normal , exceto quando se tornam potencialmente perigosas, danosas para o sujeito ou para terceiros, trazendo prejuízos para a saúde, segurança e bem-estar ou quando impedem o funcionamento sexual normal, sendo classificadas como distorções da preferência sexual no Código Internacional de Doenças como CID-10 na classe F65.
Considerar um comportamento parafílico, depende muito do momento, do lugar e das convenções reinantes na sociedade, certas práticas, como a homossexualidade, bissexualidade, lesbianismo, sexo oral, sexo anal e a masturbação foram consideradas parafilias, mas atualmente são consideradas variações normais e aceitáveis do comportamento sexual, ainda hoje há quem considere a masturbação pós-adolescência como uma parafilia. O conceito tende a ser revisto, uma vez que ampliam-se as variações aceitáveis no comportamento sexual humano, desta forma catalogar definitivamente as parafilias, torna-se impossível.
As Parafilias se caracterizam por anseios, fantasias ou comportamentos sexuais recorrentes e intensos, que envolvem objetos, atividades ou situações incomuns, como forma de excitação e obtenção de prazer sexual. Transformam-se em patologia somente quando levam ao sofrimento ou prejuízo clinicamente significativos, necessitando de intervenção e tratamento.
Ser parafílico ou não, somente diz respeito a própria pessoa. Ser parafílico não é crime e tão pouco doença.
Crime é abusar de outrem para satisfação da parafilia. Se não há controle, necessário é, procurar um médico.
Vamos fazer uma comparação bem rápida e bem humorada!
Se você anda de ônibus e uma ou outra vez sente vontade de encostar o pinto, na bundinha daquela gatinha gostosa à sua frente, ou, se você é uma menina, viajando no ônibus em pé e uma vez ou outra, sente vontade de esfregar a "ditacuja", no ombro daquele gato gostoso, sentado à sua frente, você é normal! Porém, se você sente vontade de pegar o ônibus, toda hora e não consegue parar de fazer isso, tornando-se uma coisa rotineira, isso pode lhe prejudicar, por se enquadrar como assédio sexual e render-lhe um processo ou passar por uma vergonha sem necessidade, pois já se tornou um transtorno obsessivo. Ah, tá bom, o gato gostoso pode gostar, mas a namoradinha ciumenta não! No mínimo, você pode ganhar uns tapas na cara, uns puxões de cabelos e algumas unhadas no pescoço! Que fiasco!

Fonte: www.pensamentoindecente.com