FACES


por: Lena Lopez


DOMINAÇÃO:

Em muitas atividades cotidianas e organizadas, exige que haja sobre ela um controle e um controlado, no trabalho os superiores exercem-no sobre os empregados, na escola o professor exerce-o sobre os alunos,, em casa os pais sobre os filhos (em algumas situações, um cônjuge sobre o outro), etc e, há entre eles uma reciprocidade ou é estabelecido um acordo.
No BDSM as coisas não são diferentes, existe a necessidade de um controlador e um controlado, porém esta relação é medida pelos desejos e pelas tendencias que são conhecidas por dominação e submissão, que é uma troca de poder, em função da satisfação dos envolvidos.
No BDSM, dominador é aquele que sente prazer no poder que exerce para  o controle física e psicológico de uma personalidade submissa. A sua maneira de dominar, é que determina se consegue que a outra parte interaja com ele e se entregue de corpo e alma. O dominador autêntico, não só sente prazer pelos castigos e sofrimento que imputa a outra parte, mas também sente prazer em compreender, cuidar, proteger, ensinar, guiar e  elevar uma personalidade submissa, mesmo que tenha que abrir mão dos seus objetivos vez por outra. Precisa ter discernimento para saber até onde pode e deve ir, observar os limites, juntamente com o auto-controle, evitando ricos para o bem-estar, físico e psicológico, da pessoa que se entrega a ele. É relevante acima de tudo, respeitar os limites impostos pela outra parte, comprometendo-se com responsabilidade, à tentativa dar-lhes elasticidade, sem nunca os ultrapassar.
A dominação é o desejo de controlar uma outra pessoa, em comum acordo com ela, é um dos lados das tendencias que em relação com o outro, garante a satisfação de ambos.
Não existe regras para se tornar dominador, nem mesmo um caminho a ser observado. A dominação é algo íntimo e pessoal, ela pode ser física ou psicológica,  severa ou gentil, exigente ou atenciosa, pode ser a conjugação de algumas ou de todas, é uma questão de personalidade.
Convém lembrar, que dominação não é falta de educação, é muito mais do que exercer pura e simplesmente o poder. É mais apropriado compreender um dominador pela sua maneira de ser e de pensar, do que pelo que ele faz.
Existem várias razões para que uma pessoa viva a dominação, entre elas, apimentar as relações sexuais, aumentar as chances de ter alguém, escapar da monotonia, ou, como em todas as tendências do ser humano, a dominação pode fazer parte da personalidade, para estas, a vivência é diuturna.
É ilusão pensar que pode-se fazer da dominação um estilo de vida, adotando maneiras inconsequentes para viver e pensar que ela pode render relacionamentos fáceis, onde se pode tornar o todo poderoso da relação, a realidade é bem contrária, é uma troca de dar e receber, como em qualquer tipo de relacionamento humano, melhor é preparar-se muito mais para a doação.
A verdadeira dominação é sadia, livre de perversões, segura e afastada da irresponsabilidade, consensual e sem nenhum tipo de abuso, gratificante, cortês e respeitosa e tem no seu íntimo a liberdade, sem imposições ou manipulações.

SUBMISSÃO:

Segundo a maioria dos dicionários a submissão é o ato ou efeito de se submeter, obediência voluntária; sujeição ou submissão perfeita. Humildade, humilhação, passividade, subserviência.
Relativamente aos aspectos do BDSM, submissão é uma cessão consciente de poder e caracteriza a entrega completa a uma outra pessoa, a qual passa a exercer o controle até um limite estabelecido. Esse limite pode pré-estabelecido ou descoberto aos poucos, respeitando-se os fundamentos principais do BDSM, que estabelecem uma relação Sadia, Segura e Consensual. A submissão é ilimitada quanto ao grau de satisfação, pode ir do meramente psicológico à dor física extrema, é muito mais uma atitude de desejo, quando os limites são ultrapassados sem o consentimento da parte submissa, torna-se abuso.
Como para a dominação, as razões para a dominação são várias e infinitas, do mesmo modo pode conter o desejo para apimentar as relações sexuais, há quem busque o prazer sexual nas punições que lhe são impostas, pois a dor lhe desperta a líbido, outros se submetem para dar prazer à outro. É uma questão de personalidade, querer traçar um perfil, haveria necessidade de imergir profundamente nos aspectos psicossexuais da alma humana, deixemos isso para os seguidores de Jung e Freud.
A submissão consciente requer dedicação, não admite fraqueza e inferioridade, detém confiança e entrega, é inteligente, criativa e motivada, respeitosa, sem imposição, voluntária, livre de promiscuidade e acima de tudo deve promover a felicidade do ser. Se a submissão não trouxer a felicidade, for movida unilateralmente pelo dominador, não é BDSM, mas apenas uma subjugação oportunista, ou seja, a dominação é exercida sobre a fraqueza moral e comportamental de uma vítima.

SWITCHER:

Na natureza viva há dois gêneros distintos, o masculino e o feminino. No reino vegetal distingue-se eles pelo androceu e o gineceu, no reino animal pela vagina e o pênis, nos dois reinos há exceções, nas quais há em um mesmo indivíduo a presença dos dois órgãos, conhecida por hermafroditismo. Diferente do reino vegetal, ao qual a natureza impõe a impossibilidade do movimento e a satisfação de instintos e detém a maioria dos casos de hermafroditismo, o reino animal é dotado dessa liberdade, para ir em busca do sexo oposto e satisfazer os seus instintos, em raríssima exceções os casos de hermafroditismo no reino animal, exercem atividades auto-reprodutórias, a grande maioria dos casos encontrados, são erros genéticos, que os tornam incompatíveis com a saúde sexual.
Sabe-se, através de pesquisas, estudos e experiencias, que dois seres do mesmo sexo, se isolados, assumem características homossexuais e buscam a satisfação dos seus instintos mutuamente, ou seja, dois cães isolados durante longo tempo, terão relações sexuais entre eles, podendo um assumir a feminilidade ou haver revesamento, desta forma a natureza age sem preconceito, a favor da satisfação dos instintos. Torna-se claro que a homossexualidade é um aspecto natural.
No reino animal, o ser humano é o nível mais alto da evolução, além dos instintos relativos à sua animalidade, detém em si,  a inteligencia e o livre-arbítrio. Estas duas características lhe dão a possibilidade de promover decisões e escolhas. Como nos demais níveis vivos da natureza, existe no "reino" humano os dois gêneros, masculino e feminino, determinados a manterem a preservação da espécie e a evolução da mesma, através dos relacionamento sexuais, por convenção, heterossexuais. Sendo o Homem, uma criatura capaz de escolher e decidir seus caminhos, há as decisões e escolhas nem sempre convencionais, existem indivíduos que por motivos religiosos, morais ou por outra particularidade que decidem se absterem do relacionamento sexual e se tornam celibatários. Outros indivíduos decidem se relacionar apenas com pessoas do mesmo sexo, como maneira de prazer mais adequado para eles, adotando para si a homossexualidade, seja por livre escolha ou necessidade psicológica ou física. Há também, aqueles indivíduos que por sua livre escolha, decidem se relacionar intimamente com pessoas de ambos os sexos, assumindo por convenção social a sua bissexualidade.
Definir os aspectos sexuais do ser humano, não é tão fácil, dar-lhes as razões para tal e mais difícil ainda, tentar traçar perfis é quase impossível, tal é a quantidade de variantes que envolvem o assunto. Adotou-se três padrões básicos, heterossexualismo, homossexualismo e bissexualismo, o primeiro seria o padrão, relação homem e mulher, o segundo aborda as relações entre dois homens ou entre duas mulheres, mas é capaz de se dividir em inúmeros "subgrupos", como transexualismo, travestismo, inversões, ou alguns sentem prazer ao se relacionarem com personalidades semelhantes, e outros preferem se relacionarem com indivíduos personificando o sexo oposto, há quem prefere a atividade sexual passiva e quem prefere a ativa. No terceiro grupo, é mais difícil ainda traçar perfis, o número de variantes é enorme e vai desde o simples desejo por curiosidade de manter relacionamento sexual com o mesmo sexo, a manutenção das relações como prerrogativa de felicidade. 
Se na natureza e no ser humano existem tantos aspectos sexuais, por que deixaria de acontecer no BDSM?
Conhecido no meio BDSM como "switcher" ou "SW" (a tradução literal é flexivel, alternado), repugnado por alguns, adorado por outros, há quem diga que é o "bi" do meio BDSM e quem afirme que o switcher é aquele que aproveita-se da totalidade do BDSM, sem limitar-se a uma metade.
O switcher por suas caracteristicas, as quais faz dele, ora um dominador e ora um dominado, aproveitar todo o pontencial que o BDSM oferece, sem restringir-se a um único papel, sem no entanto planejar ou elaborar as suas decisões, como o dominador e o submisso, ele é e pronto. Geralmente as característica de personalidade do SW, é dotada de liberdade e a liberalidade de pensamentos, viaja por além de tabus e tem a necessidade de experimentar tudo. Ajusta a satisfação dos seus desejos, conforme o momento que vive, a motivação que lhe sobressai, o estado de espírito que está se movendo e o parceiro que se relaciona, não faz questão de papéis definidos.
Indiferente à relação dominador-submisso, ao ser dominado pode ser entregar totalmente, mas se sentir os laços dominantes frouxos, é capaz de virar o jogo, é necessário firmeza para dominá-lo, mas isso não significa uma constante medição de forças. O "SW" por suas característica, dificilmente estabelece uma relação fixa com apenas um dominador, lhe é necessário relações com partes submissas e navega em torno das duas faces do BDSM. 
Para entender, a maneira que o SW satisfaz o seus desejos, é necessário compará-lo ao bissexual, o qual busca o prazer de diferentes maneiras, dependendo da situação e do parceiro que lhe faz companhia. Uma mulher bi, quando junto a um homem buscará o prazer de uma forma, utilizando-se da copulação o meio principal para obter o orgasmo, quando junto a outra mulher, o orgasmo será buscado de diferentes maneiras e nem sempre a penetração por próteses ou objetos fálicos será necessária, neste sentido as preliminares ganham maiores proporções, enquanto que no sexo convencional as preliminares são apenas um resumo. Mesmo assim, há quem pergunte, como pode duas mulheres fazerem sexo, ou, perguntas e dúvidas se há realmente sexo entre duas mulheres, o que denuncia a ignorância de pensamento, que sexo é somente o coito e o antes e o depois é bobagem.

Finalizando, podemos dizer que Dominadores e submissos são as duas faces do BDSM, com suas características claras e maneiras distintas para a obtenção do prazer, o SW é um elo de ligação entre as duas faces, que por suas características, necessidades e forma de pensamentos lhe é imprescindível transitar por ambos os lados, dedicar-lhe preconceito é igualar-se ao leigo, que discrimina e criminaliza o BDSM.


Fonte: www.pensamentoindecente.com