terça-feira, 6 de novembro de 2012

BDSM e ideais**

Chegou a hora da minha sessão com DONO! Ele vai me amarrar, vendar, amordaçar, usar. Serei chicoteada, amassada, beliscada, mordida, inspecionada! Acessórios serão usados na minha carne, minha coleira adorna meu pescoço, velas ardentes pingarão nos lugares mais recônditos. Indumentária provocante usarei, para deleite e diversão do Meu Senhor.



Sentirei dor e da mesma, reconhecerei a fonte do meu pervertido desejo. Minha pele arderá e ficará marcada.



Sentirei temor e também, do mesmo, sinto o esperado prazer, tomar conta de mim.

Ahhhh!! Além das práticas BDSM, nas quais sou submetida, ainda fico em um “espiral escandaloso”, desejando que DONO me toque! Dedos, membro, tapas, línguas ondulantes e molhadas, mãos, palavras e sussurros... fluidos que escorrem e espirram das N/nossas entranhas, o gozo!



**********
Hummmmm.
Mas (sempre tem um mas), atrás de tudo que passo, algo em minha mente se vislumbra...algo que havia sido conversado com DONO e as minhas adoráveis amigas que me acompanham nesse mundo da blogosfera, sejam as mesmas, baunilhas, fetichistas, BDSMers - adoro conversar com todas, somos conexões uma das outras, um constante aprendizado. Nas nossas conversas, não existem distinções/julgamentos e sim, a existência de mulheres que desejam, fantasiam...apenas humanas.

Mas o que discutíamos?

Da falta de cuidado e comprometimento com a relação BDSM.

Comprometimento perséfone core? O que essa escrava “cabeça de vento” (sonhadora na minha visão, kkkkkk) e magricela, que chegou “hoje” nesse mundo, pode falar sobre isso?

Bom, eu não tenho mesmo muito a dizer. E nunca terei. Reconheço. Mesmo que se passem 20 anos, onde eu fique submetida ao julgo do DONO e que nesse lapso temporal, N/nós lêssemos todas as liturgias, livros possíveis e trocasse impressões com muitos... não, nunca terei muito a dizer. O que penso, em muitas vezes, vem do que aprendi na Sua companhia. Mas deixemos isso pra lá. E retorno do ponto da referida discussão.



Muito se fala em Dominadores perfeitos e escravas perfeitas. Submissão verdadeira e como devem ser as coisas. Que antigamente as relações eram melhores e que hoje, os novatos, aqueles que procuram por sexo fácil , “estragam” esse mundo de Dominação e submissão. Ok. Não deixam de ter razão. Mas sempre pensei, que tudo nessa vida, deve ser repassado, transmitido, ao invés de ficarmos observando os aspectos negativos e desferir apenas críticas de todos os teores, como se fôssemos Deuses de uma mitologia inventada por nós. Até porque, os meios de comunicação, não permitem que certos assuntos fiquem enevoados por muito tempo, sejam os mesmos de teores BDSM ou baunilhas.

Conhecimento não é algo a ser preso e tampouco deve ser usado como pressuposto para humilhar quem chega, ou quem não sabe. Conhecimento serve justamente pra evitar tudo aquilo que soa como negatividade - como isso posto aí acima. Falar de um mundo perfeito e criticar posturas é demasiadamente fácil. Complicado é dividir experiências, não como cartilhas e regramentos a serem seguidos a risca, mas com a noção de trazer compreensão para aqueles que desejam seguir. E assim, deixar que o mundo BDSM siga seu próprio desfecho.

Isto posto, há uma palavrinha tão singela, que talvez melhoraria a condução e os fatos que acontecem ao nosso redor:

Comprometimento! Que nada tem a ver com comprometimento amoroso e sentimental - esse poderá existir também, claro, mas não é dessa essência que vou escrever.

Pois é dele que se fazem as relações BDSM ou qualquer uma. Se me proponho ser uma escrava, não devo pensar que só viverei de sexo gostosinho - como na deliciosa imagem aí abaixo, rs! Que só serei cuidada! E que tenho o direito de mandar no meu Senhor, exigir! Vixe! Nunca vi isso!!! Devo respeito ao meu Senhor!

Apesar da minha pouca experiência, que eu saiba, proferir ordens ao meu Senhor não é lá um comportamento que combina. Sabe? Não "casa", como arroz e feijão. Lê-se: Dominação e submissão. Então porque raios, esse desejo? Que espécie de submissa sou?



Devo reconhecer minhas limitações e defeitos e conversar com o DONO sobre isso, em um momento oportuno. Se tenho prazer em me submeter (e principalmente, se busquei por isso), devo procurar reconhecer-me em mim mesma. Aprender, buscar informações e não esperar apenas dos outros - Se tiver um Mestre e professor, tanto melhor, mas nem sempre isso é possível, nem sempre temos alguém pra nos conduzir e confiar, sem ser necessariamente nosso Dono. Reconhecer o HOMEM a quem deseja depositar sua confiança...e o que espera do BDSM, não apenas de um Dominador e possível Dono, mas de todas as pessoas que circulam por esse mundo.

Pergunte-se: sinto prazer em superar limites? Isso me afeta? Gosto de ser controlada e conduzida? De dar satisfações? Gosto de receber ordens; obrigações e cumpri-las? E o medo? Sei lidar com Ele? Aprecio cumprir tarefas que me são impostas? Consigo esperar serena por Ele ou ao menos me esforçar? E se eu me apaixonar pelo DONO? Procurarei controlar meus ciúmes e possíveis "chiliques”? Serei capaz de proporcionar satisfação e orgulho a Ele? Sou capaz de me afastar de coisas e conversas que atrapalhem a N/nossa harmonia?



Se certas questões ainda soam espinhosas, é bom frear-se e continuar questionando, sempre a si, não aos outros. Como poderei servir, se nem sei o que sou e desejo? Pode ser que eu seja apenas fetichista ou queira um sexo mais apimentado! Algo para inovar e provocar meu parceiro(a). E que mal há nisso?

A submissa precisa estar atenta a tudo isso. Ela só ouvirá Aquele que a levou a sua rendição. Seu propósito é ser submissa de Alguém equilibrado o suficiente que lhe permita crescer em sua entrega – que não é só sexual. Nem sempre, um Dominador com anos de experiência é o bastante, "o bastante" é aquele que se ajusta as suas fantasias e que lhe inspira bem estar, admiração pelo HOMEM que é, antes da figura do Dominador. São as simples afinidades.



Mas, o comprometimento não é só dela, um Dominador também terá essa visão.

A parte Dominante terá cuidado com sua submissa. Independente de nutrir ou não algum sentimento. Os sentidos do submisso(a) são privados, seu comportamento é controlado, ficando à mercê dos desejos Dele. Assim, o equilíbrio emocional se faz necessário, como o observar reações e atos da parte submissa. Só através do respeito de medos e receios, a submissa crescerá em si mesma e no compromisso que tem com o Dominador. Nada vem pronto rápido, como a alimentação de uma rede de fast food. Um homem que não respeita possíveis receios, não é Dominador, é curioso. Quer só sexo apenas - e não uma submissa.

O Dominante, não expõe o corpo da parte submissa a perigos e sandices que afetem sua saúde. Eles zelam, protegem e se preocupam com seu bem estar mental e físico, pois elas são a fonte de seu prazer. Isso não quer dizer que querem casar-se e viverem felizes pra sempre - pode acontecer, normal, mas entrar nesse mundo buscando por isso, me soa estranho! Quer dizer que são responsáveis por seus atos, pois também se propuseram a vivenciar esse estilo de vida. Dominadores não servem apenas pra fazer sexo selvagem (ainda que isso seja tentador para alguns, claro, ninguém é de ferro né?), para dar ordens, tapas no traseiro e proferir xingamentos. ELES são mais, muito mais que isso!

Se está curioso(a) com o assunto, procure conhecer e entender! Submissas não são cadelas de qualquer um que a chamam, e Dominadores não são namoradinhos perfeitos. Seria ingenuidade demais, enxergar as coisas do prisma de Anastasia e Cristian Grey do romance açucarado Cinquenta Tons de Cinza! BDSM não é modinha, são sensações e desejos compartilhados por pessoas que sabem o que querem.

Comprometimento...essa é a tônica. Talvez só assim, será possível construirmos relações satisfatórias, confiantes e sólidas (nunca perfeitas) dentro desse complexo mundo BDSM. E ter a consciência que conflitos sempre existirão, mas se desejamos o melhor, convém melhorar antes de mais nada, nossas idéias, posturas e falas. Antes de sermos BDSMers, somos humanos e como tais, seres não absolutos. Haverá sempre uma nova discussão e delas, um firme propósito de aproximar-se do que é ideal...

Vixe Maria! Escrevi um tantão e peço desculpas! Cheeeega!

>.<

Continua...

**Imagens e escrita, devidamente autorizadas por meu Senhor DOMCASMURROsp.

** Nas próximas postagens, trarei a significativa contribuição de amigas submissas.

{perséfone core}_DC

5 comentários:

  1. Per!

    Vc sabe q fiquei malukinha com esse texto essa imagens então, afff

    Pois Amiga vc disse tudo e um pouco mais...

    Pessoas com vc q me fazem ainda resistir...

    Bjk@s

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  2. Pe, creio que tudo na vida exige comprometimento, principalmente se quisermos buscar a essencia.
    Comprometimento é a base para a satisfação das nossas realizações e é o que nos faz caminhar de encontro aos nossos objetivos.
    Falando de Donos e submissas, creio eu que, perfeitos são aqueles capazes de se provir mutuamente. Não existe o Dominador e a submissa perfeita, existe o que um representa para o outro, dentro de cada expectativa.
    BJOS
    Lena

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  3. Per vc não escreveu demais, está tudo na medida certa tudo como deve ser esta é a verdade. Ninguém está aqui para brincar de BDSM pq se tratarmos assim este brinquedo em mãos erradas podem machucar pessoas deixando feridas com cicatrizar profundas, entendeu benzinho?

    Claro tem também todo envolvimento romântico, amoro e brincalhão sei disso somos humanos e eu não acredito em relações sem o mínimo de carinho e cumplicidade dentro do BDSM.

    A minha humilde opinião é que o BDSM grita por socorro e uma voz como a sua faz toda diferença para tirar o BDSM da UTI. Pessoas como vc Per e seu Senhor Dom Casmurro só enobrece a causa.

    Seu relato está ótimo na minha visão. Digo minha visão pq sei de pessoas muito mais tarimbada para fazer as devidas considerações. Eu sou apenas uma apaixonada por este estilo de vida que aprendi a amar!

    A luta que precisamos travar deve ser contra pessoas mal intencionadas sejam elas Dominadores (as) submissas/escravas(os) A luta deve ser contra a brutalidade gratuita que fazem do BDSM o lugar perfeito para espancar homens e mulheres, esta deve a luta.

    Não podemos aceitar que pessoas assim se aproximam deste estilo de vida para tirar vantagens e satisfazer seus instintos doentios, esta deve a luta de todos nós que em um dado momento de nossas vidas descobrimos o BDSM.

    É preciso entender que existe uma hierarquia e o significado de tudo isso. É preciso que entendam e respeitem os limites de cada um. Que SSC , São , Seguro e Consensual não existe só para inglês ver, mas sim para aqueles querem um BDSM saudável e responsável.

    Obrigada Leninha que abraçou a causa abrindo este espaço para se falar do BDSM.

    Agradeço a você {Perséfone} o seu relato como submissa pq são pessoas assim que engrandecem o BDSM

    Saudações SM a todos!

    flor de cristal

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  4. Quem sabe um dia alguém me leve a experimentar o BDSM. Quem sabe...

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  5. Delicioso... Seu post é mais que exitante!

    Amei, como em todas as vezes que venho aqui...

    Beijos doces!

    Natye*

    http://natyeeumavidadepaixao.blogspot.com.br

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